O sino bate,
o condutor apita o apito,
solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar...
Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Mergulham mocambos
nos mangues molhados ,
moleques mulatos,
vem vê-lo passar.
Adeus!
Adeus!
Mangueiras, coqueiros,
cajueiros em flor,
cajueiros com frutos
já bons de chupar...
Adeus, morena do cabelo cacheado!
Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Na boca da mata
há furnas incríveis
que em coisas terríveis
nos fazem pensar:
Ali mora o Pai-da-Mata!
Ali é a casa das caiporas!
Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Meu Deus! Já deixamos
a praia tão longe...
No entanto avistamos
bem perto outro mar...
Danou-se! Se move,
parece uma onda...
Que nada! É um partido
já bom de cortar...
Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Cana-caiana
cana-roxa
cana-fita
cada qual a mais bonita,
todas boas de chupar...
Adeus, morena do cabelo cacheado!
Ali dorme o Pai-da-Mata!
Ali é a casa das caiporas!
Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar...
Ascenso Ferreira
Do livro: "Poemas de Ascenço Ferreira", Nordestal Editora, 1995, PE