Os mistérios do céu refletidos nas vagas
devolvem ao mar os nimbos na luz dissolvidos,
a noite é um losango, o sono é vertical,
a morte a luz de um sonho a adormecido.
No seio da linguagem pôr um astro
— vestí-lo em brumas quando despertado,
ter sempre um ar de vivo se dormindo,
de morto sempre um ar quando acordado.
As sombras do ciclone são árvores oblíquas,
vozes adormecidas dentro de mim carrego,
na terra não há curvas nem vulcões nem abismos:
- o círculo do horizonte é infinito e cego.
César Leal
Do livro: "Tambor Cósmico", Edições
Tempo Brasileiro, 1978, RJ
Enviado por: Márcia Maia