A terra partida ressequida, desidratada
Estruturada para receber a dor de um povo
Sofrido, angustiado, geração esfarrapada,
Retrata a dor, o sofrimento, onde nada é novo.
Os sulcos diferenciados, como as células epiteliais,
Fundos como as rugas de sua gente tão sofrida
Vão se abrindo, chorando a água para os mananciais.
E o povo místico aquieta seus sonhos na sua triste lida.
Não há preces, não há esperanças,
só desilusões.
Surge o sol, surge a lua, o mundo gira e o povo sofre.
A cada instante ouve-se os gemidos e indagações.
Não há mais lucidez, a indiferença é que
traz a morte.
Unidos, bebendo do mesmo tacho, desfalecem.
Enquanto uns bebem vinho, outros não têm a mesma sorte.
Marly de Castro Neves