Mesmo a clareira aberta na mata vazia,
pela mata, não pelo homem, de medo mata.
Mesmo a loba que se esconde na gruta
vazia de luz, na noite silencia. O ar é
apenas cortado pelo vôo do vampiro
com cheiro de amônia. Bebeu Sônia.
Mesmo a morte no som da noite, lúgubre,
no eco vaporiza. Não há ferocidade.
Não há atrocidade. Apenas morte. Morte.
O predador caça. Não há vítima. Há
sono
sem sonho. Não há justiça. Nada há, lá.
Apenas a ausência de cores e sons.
O homem não interfere. A mata fechada fere.
Tudo é natural. Quando a coruja teima em
quebrar o silêncio na vitória sobre o rato,
a noite a censura. Nada quebra o poder da noite.
Apenas a velha árvore acima das copas
observa a ausência da lua. Não há brilho.
O falcão anuncia sua sabedoria no prazer
de comer o pardal alimento. Por instantes.
Apenas. O frenesi da carne não quebra
a harmonia da noite. Ou quebra. Nunca!
O pardal foge. Mesmo a noite se esconde
em seu alpendre. Não há noite. Não há nada.
Douglas Mondo