Na espessa e plúmbea cor do céu de agosto
Do dia os raios últimos morriam,
E o cerro e a várzea, ao longe, do sol posto
No vapor doce e pálido esbatiam...
Eu despedi-me trêmulo; o desgosto
Cerrou-te o coração; se umedeciam
Teus olhos belos, por teu belo rosto
Como punhos, as lágrimas caíam...
Parti convulso, delirante e incerto...
O descampado extenso abriu-me o seio,
Sem verde arbusto, sem humano rasto...
E eu partia a estender sobre um deserto
Outro deserto: o da alma, inda mais feio,
Inda mais horroroso, inda mais vasto...
Raimundo Correia
Enviado por: Márcia Maia