Quero vomitar
na privada
todas as minhas mágoas
todas as pessoas que me enganaram
toda comida que ingeri
e quando der descarga
quero sentir tudo mais leve
corpo menos pesado
estômago vazio
mágoa passada
corpo fechado
a boca suja
a privada cheia de vômito
o resto se vai com a água
pra demonstrar
como o ser humano é frágil
e não aguenta quase nada
sem se fazer crer
sem chorar
Quero vomitar
o mundo e sua ganância
em pleno chão;
no seu rosto e corpo
quero sentir a boca ácida
a fragilidade do corpo
que não aguenta a pressão
nossa neurose
e desmaia; pálido e gelado
na rua
Quero sentir
o vômito saindo pela boca
caindo pelo caminho
e que depois de limpo
não volte jamais a lembrança
disso que se passou
Quero ver nossa máscara ca
indo
ficando transparente
e perdida
falsidade sumindo
Quero vomitar em você
o resto das minhas mágoas
toda a ilusão;
toda essa in
venção
Vomitemos nossa ignorância
e egocentrismo/ esgoto
a
baixo.