Pendura no fio do telefone
tua voz
qualquer coisa amarga
agoniada
excila-se de mim.
Há um mar entre nós
e nas cavas das ondas
ressequida
tua voz naufraga.
Onde o líquen do desejo
os grandes lírios da paixão?
Num vagaroso
e feroz andar
tua voz vaza
pelos desvãos.
Neide Archanjo
Do livro: "As Marinhas" (2ª ed.), Ibis Libris,
2001, RJ