Cai a chuva lá fora e, de repente,
pelo quadro embaçado da vidraça
vejo a tarde esvair-se, na fumaça
que faz escurecer rapidamente.
A mão da natureza desenlaça
novelo das águas e a corrente
desce a rua com fúria, intermitente,
prenunciando um dia dedesgraça...
Eu olho o tempo e fico desinquieto
porque aqui, nesta selva de concreto,
nunca se está tranqüilo de verdade:
se é noite, a violência ronda as casas;
se há sol, o calorão é um ferro em brasa;
se chove, é o próprio caos esta cidade
José Atanásio Borges Pinto