copos transbordam sangue
corpos nas sombras se envolvem
e as lágrimas são depositadas nas manhãs
nos escombros do anoitecer passado
onde o sangue se transforma em vinho
a carne
o pão-de-cada-dia
dormida
a alma dilacerada
concentrada
afogada na próxima dimensão
e o amor sobrevive e o prazer
afinal existem riscos
discos voadores
possessões demoníacas
e deus a dar risadas de sua criação
a grande farsa do homem disfarçado
porém sobrevive a fé
a fé na força maior
que é o próprio ser humano
frágil e confiante
a fé no sentimento maior
que é o amor
próprio e impróprio
apenas natural
e consciente da luta
labuta
e chuta de si o ódio
o lado oculto da raça humana
quando deus passará a existir
claro e forte
um mensageiro das estrelas
que vem à mulher do vento
cavalgar os sonhos do invento
muito lento e muito lento
amar e ajudar
prosseguir viagem
pois deus não era deus
foi deus
e agora
adeus
somos a esperança
a criança do canto soturno
e a vida mais intensa
mais vida
pois os copos não mais transbordam sangue
e somente os corpos ainda se envolvem
infinitamente