Meu amor, há uma criatura milenar olhando o mundo
Lá do fundo de teus olhos. Teu corpo esbelto de menino
Teu corpo bailarino, delicado e forte a um só tempo
É apenas contratempo, passageiro, dispensável.
Na verdade tu és Elfo, nascido em meio às plantas
Criatura da floresta, da gruta, do jardim
Ainda que teu corpo viva em meio aos edifícios
Tua realidade sendo o asfalto, o cimento, a argamassa.
Menino idoso, ancião criança, a Mãe Terra deu-te
a cor
O Deus Sol teu magnetismo e teu calor.
E as criaturas que habitam pelas águas
Emprestaram ao teu corpo fluidez
Ao teu espírito imensidão. Meu amor,
A tua mente vem de idades esquecidas
Da bruma de outras vidas, espectrais
Esmaecidas. E quando cantas
Essas eras se despertam
E segredos ancestrais
Se desvendam
Em tua voz.
Dalva Agne Lynch
Do livro: "A Ave e o Vento - Jornada Poética de Uma Mulher", a sair em breve pela Editora Blocos