Ainda corro contra o tempo...
Ele me é implacável.
Ainda navego sentimentos...
Ele me é indomável.
Ainda choro enquanto você sorri.
Ontem me fiz pranto...
Acordou-se em mim uma dor antiga.
Hoje me pego cantando...
Escondendo tristezas da vida.
Ainda me confortam pedaços de nostalgia.
Na parede um retrato adolescente envelhece
No cabideiro as traças devoram a casimira
No espelho entrevejo um rosto pálido
No travesseiro sinto o hálito da bebida.
Ainda descaminho no meu caminho.
Antonio Virgilio de Andrade
Do livro: "Rastilho de Prosas", Ed Or,.2000, RJ