Sou um ser tão pequeno e mesquinho
Que não mereço amor nem desamor.
Tenho uma pretensão tão grande
Que somente alguma disfunção,
Ou doença, poderiam fazer
Com que alguém visse o que não tenho.
Todos os seres da natureza carregam em si
Um princípio e um fim.
Estou aquém do princípio ...
Sou fim sem começo.
Olho o distante
E sinto a proximidade do nada.
Abraço o vento
Causa-me asco o hálito do furacão.
Beijo o mar e me enforco
Em marinhas correntes.
Busco o horizonte,
No meu universo vertical,
E sinto o descompasso em que vivo.
Não há o que reconhecer ...
Nunca me vi perante sombras nem espelhos ...
Sou criança sem alma.
Um dardo sem objetivo.
Uma boca sem sorriso ...
Armindo Lima da Silva