Escolho algumas palavras
só porque são belas:
bronze dos canhões, frestas e festas,
prosa, rosa, nostalgia.
Ainda: czar, cristal, asteca,
Áustria, Galáxia, corcel.
Escurecendo: espuma, lua, bruma;
clareando: Glória, sol;
e barrocando: João Cabral.
As palavras, eu pesco,
e há também aquelas que detesto,
as tais de rosicler e de arrebol.
E mais me indago
por palavras assim como:
felina fúria feminina;
por palavras tais como:
ninfa, amante, fascínio,
beijos bilabiais.
E mais o eterno Verbo,
a porta do aprendiz,
discurso, texto, escrita, arte.
Verbo, só amar e ser,
ainda que precários,
verto é amar-te,
o resto é nome:
carmim e pluma e fausta
migração de pássaros
sobre as águas;
ânforas, cântaros, âncoras.
Uma incursão ao dicionário,
uma poeta exausta.
Do livro: "Ecos"
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autorização da autora
Yêda Schmaltz