Luxúria
Eu não sou eu, sou tu
matéria sobre a qual Deus
esculpiu teu corpo nu.
Tua pele é minha veste
tua boca minha vertente
és meu verbo ser,
meu lado mau indecente.
És minha alma, minha cama
na qual ouso te usar
minha estrela, minha lama
na qual posso mergulhar.
Roça meu rosto
deixa eu beber teu gosto
bebe tu no seio meu.
Beija os meus beijos
aperta no meu o teu peito
me queima em teu desejar.
Desce em fogo ao meu ventre
te apaga morno, silente
em meu sexo a se derramar.
Cacilda Barboza
Do livro "A Poesia Amazonense no Século XX"; org.
de Assis Brasil; 1998; Imago Editora; RJ
Enviado por: Leninha
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