Por que temos que lutar a cada manhã que rompe, Drummond?
Então, olho o céu e vejo uma estrela,
e sinto uma saudade imensa
de um tempo/espaço
que nem sei quando e onde,
mas que estão enraizados em mim.
Há milênios.
Uma vontade enorme de terminar essa relação
com o planeta Terra,
ainda que irremediavelmente presa a ele
pela lei (da gravidade?).
Essa Terra que, contudo, eu soube amar,
mas na qual me sinto quase sempre
um peixe fora d'água.
Onde o meu mar que não se chama
Atlântico, Pacífico ou Índico?
Em que momento e lugar posso me reencontrar?
Eu, tão evadida de mim...
Vejo uma estrela.
Cristina da Costa Pereira
Do livro: "Revisitando o bairro de Santa Teresa... e outros caminhos", Luziletras, 1999, RJ