Aqui onde o tempo é um sol contínuo,
as queimadas rumam ao mais claro branco
e as velas sobre as cinzas sedes
velejam na seda da noite tropical.
Aqui onde o tempo é um sol contínuo,
onde as peçonhas espreguiçam
no mais medonho e imóvel prazer,
onde o lagarto ergue sua cabeça imperial
e cães-lâminas transpiram vivos,
aqui onde o tempo é um sol contínuo,
cactos alimentam rebanhos
e por vezes pára uma nuvem fugidia:
que é do tempo a água,
como do vento a calmaria.
Luiz Gonzaga Neto