Confiadamente futuros.
Desde os olhos, que comentam
sem surpresa, desde as mãos,
convictas de seu império.
Entre os corpos cresce um sol
que nada encobre, seguro
e simples. Pode ser árvore,
pode ser um edifício,
ser o impulso de uma onda
ou apenas sol, enlace
de amor e tempo, sinal
de um endereço alcançado.
( Como a seus olhos durável
se apresenta a hora, cheia
bastante para ser mundo!)
Nada ocorre que não seja
para o alto, que não crie
uma alegria sem âncora,
que de tão real propõe-se
um sonho, como criança
dando às coisas outro nome.
Faz-se abraço o nome, breve
deus de permanência e curso,
onde flor, maré ou filho
já respira e canta o novo,
entre ver e pressentir;
onde os extremos se encontram
e a sua voz reconhecem;
onde o longe aporta e parte,
deixando um poder de asas
no imóvel - pedra com rio.
Pedra pertencida, júbilo
de coincidência, planalto.
Por mais alta é mais profunda
a vida ali; por mais funda
mais alcança esta certeza
dada às árvores somente,
e aos amantes - este impulso
de seu fruto para o livre,
para o aberto em que os encontros
surgem, crescem para o canto
e realizam. Como deuses.
E são, como adolescentes,
confiadamente futuros
Izacyl Guimarães Ferreira
Do livro: "Os endereços", Edições Hipocampo, 1953, RJ