Nunca soube, jamais
pude rezar, pedir
além da interjeição,
do desamparo.
Nunca soube falar
à vera e em paz com deus
ou santo amigo meu,
entre as vozes da missa.
Submissa criatura
de chão e mesa e medo,
ainda sem um meio
e um modo de oração,
metade de mim reza
à revelia, rente à terra,
no susto de que é presa
a pouca alma aflita.
Izacyl Guimarães Ferreira
Do livro: "Passar a voz", Scortecci, 1996, SP