Alheios à contemplação geral.
Sem arreios e sem ginetes, livres.
Os peitorais, colares, são sinal
de uma augusta nobreza, não de
doma.
No amplo céu de Veneza, quase
verdes
em seus bronzes, entre os ouros do
Duomo,
estes cavalos vindos de Bizâncio
não galopam nem dançam. Mas respiram.
Estas narinas dizem que estão
vivos
e suam. As cabeças inclinadas
falam, as patas altas espelhadas
em parelhas revelam : vão partir.
Marchando vão voltar para Bizâncio,
deixando sobre a praça as quatro
sombras.
Izacyl Guimarães Ferreira
Do livro: "E vou e vamos, águas emendadas", Scortecci, 1998, SP