Alegre tarde azul, quase menina,
de riso morno e brisa matinal,
feita de luz e cheiros de resina,
invade, brincalhona, meu quintal.
Cochichando nas folhas, ela ensina,
às flores, cantiguinhas de pardal
e, num dengoso jeito de traquina,
vai cirandar nas roupas do varal.
Persegue as borboletas... Nem atina
que enfeita um mundo nada cordial,
amargo de fumaça e de buzina;
que a rede embala versos e, afinal,
com seus louros minutos, ilumina
meu sonho preguiçoso mais banal.
Bartolomeu Correia de Melo