Cultivo o medo vivo da morte aos domingos,
para alívio do tédio em domingos de morte.
Uma vez, no Rio, experimentei um não-domingo,
porém não me achei digno de acreditar.
Domingos mineiros
folclorizaram-se: cachorro modorrento embaixo
da mesa, bananeira, tristeza.
Me apraz pensar que agora não existo
mas a eternidade há de ser isto: um não-domingo.
E existirei.
Jorge Emil
Do livro: "O dia múltpilo", Ed. Bom Texto, 2000, MG