Nas águas douradas deste longo rio
o reflexo do sol anuncia novos tempo.
Recolho a canoa e a vara de pescar
pisando nesta areia quente do dia.
Meus dedos aderem às pedras e cascalhos
sentindo a textura rígida desta aventura.
Na margem direita, meu ser está sozinho,
na esquerda, meus sonhos estão em outras companhias.
Sinto a ponte que atravessa minha alma
balançando em sinal de enorme ventania.
Por baixo abismos, pedras, galhos, correntezas,
tromba d’água que se arrasta e encharca o prado... agonia.
O rio segue o mesmo curso sempre...
Eu tenho outro verão regado a poderosas enchentes
sem rumo certo, braços, desvios
que deságuam em qualquer mar, como uma torneira fria.
No meu transbordado coração-cachoeira
lágrimas são cheias da minha vida... vazante.