Estou de mala pronta para sonhar,
Passo pelo corredor, apago a luz,
Volto a cabeça para olhar
O quarto, a cama, a casa... vou deixar.
Corro atrás do que não sei o inteiro,
Metade do que fiz em sonho acordada.
Em busca do que era meu sem ser notado
Ainda a recuperar um bom pedaço.
A tristeza dobrei e pus na mala.
Fica comigo latente, amiga sempre amada.
Dorme com um olho aberto outro fechado.
Pronta para despertar a algum chamado.
A saudade, meu par quase constante,
Guardei bem no fundo da bagagem,
Enrolada ao penhoar ainda perfumado,
Dela beijo os pés sempre calejados.
O corredor é uma longa estrada,
Difícil de transpor, cego ao último olhar,
Meus passos parecem tão pesados
Que às vezes acho que não quero mais andar.
Romper, fugir, partir, trocar de vida,
Difícil arte de se renovar.
Seguir é ter coragem de agir.
Mudar para refazer e ser feliz.
Cláudia Villela de Andrade