Uma grande amiga
pode surgir do nada,
de mansinho,
em silêncio,
de repente,
e, repentinamente,
se tornar nosso tudo
com sua presença constante,
embora esteja distante
porque para o coração
não há fronteiras,
nem divisas,
ou barreiras.
Há uma ponte
fabricada de carinho
que transpõe os limites
dos sentidos humanos
suprindo a falta do contato,
o bem-estar do escutar,
a doçura da fala mansa
e o calor da suave presença
que a visão de uma amiga representa.
Minha grande amiga é assim
- uma antítese :
tão longe e tão perto,
tão distante fisicamente
e tão presente em mim
que chego a tocar sua face
numa demonstração de afeto.
E sinto seu perfume,
que desconheço a marca
mas reconheço ser o dela...
E lhe estendo a mão
para servir de apoio,
para ser o alicerce
dos momentos de fraqueza.
E lhe abro os braços,
e lhe envolvo num abraço
caloroso, apertado,
para que sinta
que estou a seu lado
em constante pensamento,
a qualquer hora e momento
e em qualquer circunstância...
Não importa a distância.
Um dia nos encontraremos
minha querida net amiga
que o acaso aproximou.
E, caso não seja o acaso,
foi um anjo que está no céu
e que tem o nome teu,
que nos INTERligou.
Nada é improvável,
tudo é possível,
nesta palpável
surreal realidade.
E nesse dia, minha amiga,
Nesse dia tão premente,
as 4 estações se farão presentes
para que eu possa dividir contigo
desde as manhãs da primavera,
às frias noites de inverno
banhadas a chocolate quente,
nas quais, juntas, teceremos
uma colcha de retalhos
cerzida com nossa fibra
e pedaços de nossos sonhos
desbotados,
coloridos,
furta-cor.
Depois, nossos filhos cobriremos,
com esse manto de amor.
Iremos fiando e falando
tudo o que não foi dito,
o que foi subentendido
e o que foi dito também...
O que ficou nas entrelinhas
servirá de arremate
dessa nossa sintonia.
Seguiremos produzindo,
entrelaçando nossa estima,
urdindo algo sólido,
tramando tal qual
aranhas saídas ilesas
dessa teia de intrigas.
Convivendo,
descobrindo,
apoiando,
criticando...
sendo plenamente amigas.
Que no outono do nosso dia
sopre uma brisa suave,
para contrastar, levemente,
com o turbilhão de emoções.
Passearemos pelo parque
em meio às folhas ao chão,
espalhando-as ao alto
tal qual um tufão,
deixando para trás nosso rastro,
nosso vestígio,
nossa pista...
E em plena tarde de outono,
que é tempo de colheita,
faremos uma coleta
de tudo de bom que vivemos...
Jogaremos conversa fora,
sem pressa
e sem hora,
como se o dia
não terminasse,
como se o mundo
se resumisse,
como se a vida
vibrantemente celebrasse
a nossa grande amizade.
Quando, por fim, neste dia,
o verão se aproximar,
não virá sozinho;
trará uma agradável companhia
para nos presentear:
a sedutora primavera,
trazendo um misto de cores,
de aromas e amores
e uma torrente tempestade
passageira e inesperada
como as de final de tarde
e parecida com este encontro
que vai deixar sua marca,
que vai ficar na saudade...
Venhas logo, amiga, sem demora!
Cuidaremos das plantas do jardim,
da sobremesa para o jantar,
pegaremos um cineminha
para juntas rir ou chorar.
Cometeremos, sem remorsos,
pecados atrozes
servidos em taças geladas,
regadas à caldas diversas
e confeitadas com nozes...
Pode ser de chocolate,
pode ser também crocante,
desde que seja SORVETE!!!
Lá se vai nossa dieta...
Somos grandes amigas,
sem sermos velhas amigas.
Não crescemos lado-a-lado,
não convivemos no dia-a-dia,
não moramos no mesmo bairro,
sequer na mesma cidade.
Não me confidenciaste
teus segredos de menina
e o primeiro beijo que deste.
Tudo o que sei é recente
mas o mais importante, minha irmã,
não é o passado que não tivemos;
é o presente que vivemos,
e no qual, unidas,
edificamos e consolidamos
a estrada do amanhã.