O rio feito de mim
tem apelo de canção
se debruça de vingança
todo feito de enchente
longa várzea de paixão.
O rio feito de mim
desde quando eu nasci
se espraia de preguiça
e me honra na essência
de só ser lassidão
Onça preta moço arisco
bubuiando finjo que fico
se me tinjo do destino
correnteza sempre indo
caminho do que seja amar.
Sou adeus porto bandido
todo ancorado sonho
empanado de incertezas
sou assim nesse esvaindo
coivara do gostar.
Moço de chapéu de branco
me parindo em estirões
deflorando as ribanceiras
todo grávido de beiras
em que a vida se encantou.
Hoje trilho no mistério
de ser anjo do intério
onde a morte se embrenhou
nesse rio feito de mim
todo norte rio de amor.
Eduardo Dias