Eu não queria carregar os meus poemas,
com as minhas próprias mãos.
E levá-los como o faço,
tímida e constrangida,
ao encontro dos homens.
Queria que os meus poemas voassem
leves, soltos, libertos por aí.
E com suas próprias asas, atravessassem
o tempo, ganhassem o mundo.
Poemas atemporais que invadissem corações.
Por que será que os meus poemas,
cafusos, mamelucos, mulatos, caboclos,
dependem tanto assim de mim?
Será que esses meus poemas
ainda vivem nas senzalas?
Tristes poemas cativos!
Nem percebem que têm o destino dos pássaros.