Meus versos bem-te-vi, pardal chocou...
e bem que eu vi no ninho um tico-tico
que guardava a poesia no seu bico
como quem guarda o sonho que encontrou.
Meus versos sabiá — mamão maduro —
comida de sanhaços e rolinhas
nos pomares-sonetos de "abobrinhas"
que arranco do meu lado mais escuro.
Meus versos pica-pau de bananeira
que já deu flor e frutos aos poetas:
canários, curiós e beija-flores
procuram descrever de outra maneira
sem preocupar se as formas são corretas
ou se a poesia exige novas cores!
Nathan de Castro
Do livro: "Sentença de um poeta", Blocos, 2003, RJ