De um lado: - “Todos são escusos!”
Do outro lado: - “Não, escusos não são!”
De um lado: - “Se defendes, é por que és também!”
Do outro lado: - “Ora, pois acusas a quem?”
Que chega: - “Por que a discussão?”
De um lado: - “Por que todos são escusos!”
Do outro lado: - “Escusos não são!”
Que chega: - “Ora, pois uns são outros não.”
De um lado: - “Não há perdão, todos são!”
Do outro lado: - “Como acusa a todos, se a todos não conheces?”
Que chegou há pouco: - “Se não se acatam, isto não
vai findar.”
Que saiu do bar: - “Isso mesmo, vamos entrar e brindar!”
De um lado: - “Brindemos à prisão de todos!”
Do outro lado: - “Não! Brindemos à saúde de todos!”
Que chegou há pouco: - “Brindemos à prisão dos
que são e à saúde dos que não são.”
Que saiu do bar: - “Brindemos! Brindemos! Brindemos, então!”
Dentro do bar:
De um lado: - “Brindemos, pois concordam que todos são!”
Do outro lado: - “Que todos não são, é a verdade!”
Que chegou há pouco: - “Que são teimosos, todos concordamos.”
Que entrou no bar novamente: - “Brindemos! Brindemos ou secamos!”
De um lado: - “Teimosos porque não nos vendemos aos escusos!”
Do outro lado: - “Escusas ficarão tuas ventas, se não
retiras o que disse!”
Que chegou há pouco: - “Escusos são amigos que brigam,
sem motivo que se sabe!”
Que entrou no bar novamente: - “Brindemos agora! Antes que a bebida
acabe!”
De um lado: - “Se torpe é o motivo, indigna é a contenda!”
Do outro lado: - “Belas palavras, dá-me aqui um aperto de mão!”
Que chegou há pouco: - “Lágrimas me vêm, amigos
que as mãos apertam”
Que entrou no bar novamente: - “Lágrimas me vêm, cervejas
que ao balcão esquentam.”
De um lado: - “Brindemos, então! Ao maior dos motivos!”
Do outro lado: - “Sim, brindemos aos amigos!”.
Que chegou há pouco: - “Brindemos! Brindemos com o melhor vinho!”
Que entrou no bar novamente: - “Brindemos, até nos arrastarmos
pelo caminho!”
De um lado: - “Não julgueis mal, porém apetece-me o scotch.”
Do outro lado: - “Pois para mim é destilado muito forte!”
Que chegou há pouco: - “Vejo que com vós a balela não
se encurta!”
Que entrou no bar novamente: - “Brindemos, por piedade! Mesmo que com
cicuta!”