Na calada da noite,
ele espreita
as pobres almas
que não existem.
Vagam pela noite,
névoa densa e úmida,
buscando uma migalha de amor,
embrutecido pelo desejo de satisfazer
a fome do órgão do prazer barato,
rápido e sujo.
Sim, sujo!
Assim ele vê o ato.
Sujeira.
Como o mundo do esgoto!
Estagnado, pútrido e fétido!
Almas pútridas, corpos fétidos.
Ele observa,
espreita as cenas daquele festim miserável!
Ele absorve,
o líquido da luxúria!
Mas, o que para elas é apenas mais uma gozada,
para ele é alimento,
soro para o seu desprezo,
seu asco, seu ódio... seu dó!
Ele ainda observa, espreita.
Alivia-se, com a partida do usuário.
Sim, usuários!
Vêm, escolhem, utilizam e expelem o cobre e o gozo,
como se ambos fossem,
e na realidade o são!
...fetos espúrios de seus bolsos.
A alma que não existe se coloca de pé,
algo que altiva, o dever está cumprido!
O líquido, no entre as pernas,
mas o cobre, no entre os seios!
Tudo vale a pena,
quando a alma (que não existe)
não é pequena
e a fome também não é...
Ele se prepara...exala o odor
de suor, de ansiedade.
Espreita, espera, transpira e...mata!
Dilacera, destrói, arregaça, arranca e rasga!
A alma que não existe,
não mais respira.
A carcaça que antes dava moradia,
desmancha-se ante os sapatos adornados de sangue.
É o fim.
Não mais fome, não mais cobre, não mais gozo!
Só sangue!
Ele não mais espreita. Sua fome está saciada por agora.
A alma que não existia, agora existe.
Liberta, livre...feliz!
No fundo, o que ele deseja é tão simples...