(Sobre a poesia "Lua Cheia" de Jorge Lennon)

Poeta todo amores,
mar de amores que espelha
meu coração lua cheia,
não chores feito mar revolto
e permite-me beijar-te
com meus mais ternos beijos,
acalmando-te com meu vaguear
a passear tua superfície,
pois é doce teus mistérios sondar.

Mar de meus amores
não chores mais
e acolhe com sinceridade
minh’alma tão desarmada
que chega prá te namorar,
seja nas noites de maresias
quando teu olhar divide-se
esquecendo-me?
ou nas noites de ondas espumantes
pelas canções que te lanço
confessando-te igual paixão.

Mar de meus amores,
peço-te: não chores
que sem o som de tua alegria,
tudo prá mim é pouco
e creias:
nada sombreia tanto minha face
quanto esta tua dor,
ecoando em meus sentidos...
esquece esta dor em vão
que ela cega-me,
acaso é isto o que queres?

Mar de meus amores,
melhor será repartires em sorrisos
as ondas de tua alma que clamo
prá que eu possa iluminar
- e assim colorir –
os incontáveis pedaços
de tuas secretas profundezas
e prá sempre esquecer-me lá,
fazendo de teus braços meu abrigo
como se eu fosse uma tatuagem
enfeitando teu lado mais bonito.

E então, mar de meus amores,
esteja certo:
se um dia eu me for
é porque o Universo terá conspirado,
traído e morto
o meu inocente-coração-teu...
portanto mar de amores
desta lua cheia,
não chores, não, não chores
que também já sou toda amores.

Cissa de Oliveira