(Para Anysius)
Porque éramos Basileus e jogávamos a sorte no gazofilácio
o Tempo transcorria ameno e os azares eram poucos.
Os dissidentes caminhavam sobre fios de espadas.
Palavras proibidas cochichávamos em labirintos
onde o cão dos nossos medos gania impotente.
Houve um dia
– um só –
em que a borboleta desprendeu-se da haste.
Um fio de seda acasulou olhos curiosos
e ficamos cegos, pedintes cegos de esquinas tortas amplificando angústias
boiadas nas marés de março.
Somos, agora, o que restou do banquete de palavras;
e sabemos a mel e incenso
e cheiramos a flores do mato
e trancamos os dentes com o travo de verbos proibidos.
Suplícios tinham trânsito em nossos arcabouços
– poços do nosso mistério –
onde borbulha a mágica poção do ir-e-vir.
Magos somos;
magos magoados assentados em batentes de puro cimento.
Transversos versos temos acumulado
assim como colecionar erros e acertos,
uns e outros absolutamente inseparáveis
porque nossa é a vida, não de quem quer que seja.
Nossa !
Decodificados abrimos o sorriso para os sóis deste verão
que ninguém traduz em língua pátria, mas em códigos
outros repensados como café requentado em bule de esmalte.
Fred Souza Castro