— a Perpétua Flores, borboleta da Casa de América
Quando setembro, nos anéis das estações,
desenha flores na cara da Pampa,
quando o Brasil austral deste Rio Grande
despede o frio que veleja sobre o Guaíba,
coroa-se a natureza com chapéus de cinzas
instalados sobre as encostas, cumes e dorsos,
delineando espíritos em escarpas de nuvens.
Quando emigram da Patagônia os pássaros,
asas de fogo entanguidas de frio,
quando os bordões de humanidades
de Gabriela, Borges e Neruda
afastam as pedras dos caminhos,
bem-me-queres perfilham planície e altiplano.
Quando madressilvas e cerejeiras
vestem roupa nova na velha Rua do Arvoredo,
estampando alegrias e alegrias
nos portais do celeiro de Cláudio Mércio,
adentram em conjunto revoadas de sonhos
e espectros visionários voltam
à fonte da vida para trocar a plumagem.
(dentre os pássaros em migração voeja
— resoluta —
a borboleta de Santo Ângelo)
E na casa, vestida de América, arrulhos ressoam
como se o tempo houvesse parado,
implantando na cara das criaturas,
a seiva do cerne da Pampa,
sementes e orvalhos
trazidos no bico de pássaros.