A década de setenta
foi meu único Quilombo.
Dela eu bebo
uns crepúsculos de outonos
no gargalo
um mapa de Riachuelo
o gosto de um breve janeiro
Desse Quilombo guardo
o passaporte falso de estrangeiro
a pele dos que viveram o furacão
as mãos dos condutores de veleiros
Nunca mais voltei a essa pátria
que hoje é só um deserto de verbos
seus heróis caíram no cotidiano
nos escritórios sem alforria dos dias
onde cumprem os mesmos roteiros
Desses anos trago
a roupa da aventura que vestia
e um velho violão inadequado
para a nova ordem da mobília