Você me prometia a eternidade. Por
isso eu andava com os pulsos abertos
para a esperança. E deitava-me com
os signos da terra, os cavalos marinhos
das noites sussurradas, no coração sem
pátria da poesia. Você me prometia o mar,
um país de claridades sobre as ruas silen-
ciosas do dia, e eu caminhava com o meu
corpo apaixonado pelo seu; na sombra
clandestina da tarde, nas noites onde o seu
seio me afagava. Você, com o seu
cheiro e a sua carne, onde outros escreveram
caminhos e eu fui buscar uma rosa, para o seu
olhar que detinha o poder das horas, entre os
sinos que tocavam o nascimento do mundo. Sem saber
que éramos os passageiros provisórios
da aurora.