Se eu escrevesse como todo escritor
talvez desvendasse este encanto
confundindo os sentidos
e saberia viver sem ter que existir.
Se eu existisse como todo escritor
talvez respondesse aos sussurros
cintilando nas estrelas
e saberia alcançar sem ter que partir.
Se eu partisse como todo escritor
talvez flutuasse nas nuvens
negando qualquer presença
e saberia ressurgir sem ter que fingir.
Se eu fingisse como todo escritor
talvez praticasse uma ação
absorvendo a reação
e saberia seguir sem ter que sentir.
Se eu sentisse como todo escritor
talvez entendesse o essencial
disfarçando ao concordar
e saberia permitir sem ter que refletir.
Se eu refletisse como todo escritor
talvez não parasse por daqui
evitando as sensações
e saberia prosseguir sem ter que pressentir.
Se eu pressentisse como todo escritor
adormeceria neste momento preciso
pois a dor me seria tão dilacerante
adormecendo antes.