Tinha o encanto dum lago serenado
acariciado pelas brisas mandas.
Era ali das naiadas o reinado
que ao som dos astros cadenciavam danças.
Sítio plácido, aos sonhos reservados
para as consolações e as esperanças;
era um sacrário, orago consagrado,
aos mistérios de sacras ordenanças.
Um dia, o azul do céu era de outono.
Como um fauno acordado de seu sono,
as águas se agiaram à luz da Aurora.
Ouviu-se um canto, música estupenda
e em frente ao poeta abriu-se estranha senda...
Dize-me, ó Musa, o que eu faço agora?
Miguel J. Malty
Do livro: "Sonhos e anseios", Ed. autor, 2001, DF