Um cordel imaginário
Das origens mensageiro
Com estórias de guerreiro
Missionários no calvário
Destorcendo o calendário
Vendo presente o futuro
Num passado inda obscuro
Onde está enraizado
Cordel do Fogo Encantado
Bate inchada no chão duro.
Com a alma do cangaço
No toré dos ancestrais
Nas paisagens rurais
Recriando seu espaço
Sem da trégüa pro cansaço
Improvisa o chão primeiro
Espalha no mundo inteiro
O cheiro da sua terra
Enfrentando sua guerra
Defendendo o seu terreiro.
Na magia do universo
De poesia e repente
Desbravando o chão ardente
No esquecimento imerso
Retraduzindo no verso
Cria-sons antepassadas
Deixando novas pegadas
Construindo um novo tema
Cordel do Fogo é poema
E o canto das trovoadas.
Sertanejo universal
Na cultura enraizado
Atrai mitos do passado
Para um presente real
Traz o tom do seu quintal
Humanizado e profundo
De sua aldeia pro mundo
Enleva a nossa riqueza
É abrigo e fortaleza
De um pensamento fecundo.
Cordel do Fogo Encantado
É a alma do repente
A força da nossa gente
Nosso canto, nosso brado
É o canto unificado
Que sobe e desce caboco
De toré samba de coco
Reisados e cantorias
De tristezas e alegrias
Revirando um mundo oco.