Parei para olhar
O quadro de teu corpo que refletia a tua mente
E que era a meus olhos um painel iluminado
De labirintos resguardados em explícitas linhas e formas.
No quadro de sugestivas encruzilhadas
Abertas à poética navegação
Olhei as cores e os símbolos
redondos e entrelaçados ornamentados e guardados
Em secretas galerias
Em todas as superfícies havia linhas de muita vida
E de movimentos audazes
Dispostos em florestas de formas inexploradas
Certamente densas e iluminadas
Minha vontade era a de ir por aí na sondagem de trilhas
Entre curvas subidas e descidas
Na esperança de que esses labirintos não fossem celas
prisionais
Mas fiquei apenas no hall delapidando formas visuais
Recomeçando a cada instante a te examinar de novo
detalhadamente
Eu me certificava sobre presenças impressionistas
expressionistas cubistas surrealistas dadaístas
e outras
Na montagem de teu olhar iluminado
No âmago das polícromas formas que me atraíam
Parei na contemplação do mais puro símbolo feminino
Já despreocupado dos mistérios dos labirintos
Vidrado no que expunhas com originalidade
Nas linhas claras do jeito do teu corpo
Aveludado por tua mente nas montanhas da diferença
Porque todos os outros mundos são hostis e grosseiros
Quando acorrentados aos gostos banais da grande turba
Na linguagem de teus quadros vejo a melhor qualidade
De variedade de sentidos e de gostos requintados
O que te averbará muitos pontos na tua carteira de apresentação.