Estas palmas oblongas do poema,
amoldando secretas liturgias,
proliferam o mar de um teorema
a sangrar-se nos ângulos dos dias.
E tênue fogo insone se propaga
com sagrado rumor, além das eras,
reaberto na sombra ou numa chaga
num conclave de arcanjos e de feras.
Oclusivo fragor revolve os sonhos
em mistério a cremar, altissonante,
a emanar estrbilhos muito estranhos.
O casulo dos versos, sobre um monte,
com a luz a bolsar ritmos medonhos,
desintegra num grito a própria fronte.
Joanyr de Oliveira
Do livro: "Tempo de Ceifar", Thesaurus Editora, 2002, DF