Bem longe do sol e do meu povo,
indaguei ao rosto soturno
sobre a marca das horas.
Um cão receberia o olhar,
palavras e blandícias talvez,
do frígido ancião noturno.
O ferino silêncio sufocou-me.
Pensei nos negros do Alabama,
nos corações algemados.
Pensei nos sorrisos coagulados
sob iradas botas de fogo.
Pensei nos caninos pontiagudos.
Sou brown e estrangeiro.
Bebo o peso — nos olhos e na alma —
dos velhos ianques de pedra.
Joanyr de Oliveira
Do livro: "Tempo de Ceifar", Thesaurus Editora, 2002, DF