— Quero construir hoje,
um poema vago, oscilante,
que seja a um só tempo
prosaico, terno, meigo e edificante.
Não o poema duro
de um edifício em construção.
Não o poema puro
de uma isolada aflição.
Não o poema muro
de uma abstrata frustração.
— Quero construir hoje,
algo assim como uma ponte,
que seja a um só tempo
um símbolo e um fato.
Mas que não ceda a ponte
sob o peso dos meus sonhos
e, que com ela eu possa interligar-me a todas as coisas
e, que sobre ela eu possa ter a noção perfeita
da coloração exata de todo o panorama.
— Pois quero, hoje, apertar ao peito,
— a um só tempo e espaço —
— o tempo e espaço de todos os tempos,
e tudo e todos, dentro deste espaço de tempo
— do limitado tempo deste ilimitado espaço. —
Eu hoje,
sinto-me puro como nunca serei.
Como se tivesse algo a dizer,
Como se estivesse para morrer...
e aproveitasse para afirmar
aquilo que todos já sabem ou já ouviram contar
— A vida é bela!
E tudo vale a pena!