POEMA EM ZIGUEZAGUE

Nesta vida, às vezes levo porradas,
Outras, sou tratado como Príncipe.
Meu biorritmo nunca falha:
 Se hoje sou chama,
Amanhã serei palha;
 Se hoje sou luz,
Amanhã serei trevas;
Se hoje sou amor,
Amanhã serei dor.
 

Minha infância sempre foi
Um amontoado de contradições.
Minha mocidade foi parca de paixões,
Mas fui "jovem" na maturidade
E ardo de desejos na meia idade.
Como um Príncipe, muita vez
Já fui louvado,
Do mesmo modo, como um mendigo,
Humilhado.

Já freqüentei salões imperiais,
E morei em favelas marginais.
Já provei, do mundo, os melhores acepipes,
 E senti a dor da fome e o frio da miséria;
Já fui o místico que beijou altares
Hoje não creio em nada fora da matéria.
Nunca entendi por que a cada êxito
Sucede sempre a dor duma ferida,
Nesta gangorra estranha que é a vida!

Raymundo Silveira

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