Homens de cinqüenta,
Mulheres de cinqüenta!
O que quereis mais da vida?
Pois não foi suficiente
A vossa infância inocente?
A adolescência atrevida?
A juventude inconseqüente,
A maturidade mal vivida?
Homens de cinqüenta,
Mulheres de cinqüenta!
O que ainda esperais
Da crise da meia idade:
Volúpia, felicidade?
Amores, paixões banais ?
Quereis luxos, quereis mais
Prazeres materiais?
Homens de cinqüenta,
Mulheres de cinqüenta!
Por que vos preocupais
Com o que não volta jamais
A não ser de Poe, o Corvo
A ferir vossos umbrais,
A vos causar tanto estorvo
E cujo nome é "Nunca Mais"?
Homens de cinqüenta,
Mulheres de cinqüenta!
A esperança foi embora
Só vos restou nesta hora
Uma ilusão passageira,
Uma saudade matreira,
Uma canção bem tristonha,
E uma solidão medonha!
Homens de cinqüenta,
Mulheres de cinqüenta!
Só vos resta uma saída
Se inda quereis nesta vida
Justificar vossa missão:
É uma "criança" perfeita
A única que não vos rejeita:
Seu nome é "Criação"!