Não vás a missa de sétimo dia:
Nelas, as beatas mastigam lentinhas
E os santos, conversam sobre incenso
Ou adormecem de pé, benzendo.
A família quer voltar para casa,
O morto vagueia, desarvorado,
Entre os pilares da igreja e não sabe
O que fazer entre o princípio e o fim.
Melhor será ires para o campo,
Ou para a praia ou a um botequim.
Lá, fica sozinho com teu morto
E conversem
Até que ele se instale em tua alma
E comece a viver.
Roberto Marinho de Azevedo
Do livro: "A Baleia", Companhia das Letras, 2002, SP