Ama a tua própria dor, que ela há de consagrar-te
E há de te iluminar de límpidos clarões,
Fazendo da tua alma um rútilo estandarte
Bizarro, a palpitar em plácidas regiões!
Ela é que há de te guiar e é quem há de
iniciar-te
Na vida do mistério e das consagrações.
Sofre e faz da tua mágoa um grande sonho de arte,
igual ao de Petrarca, igual ao de Camões!
E a sofrer e a cantar - mártir e rouxinol,
Vai armar a tua tenda a um ponto do universo,
Onde a luz só palpite, onde só vibre o sol.
Espalha então daí num gesto sacrossanto,
Os soluços da rima e as lágrimas do verso,
Num dilúvio imortal de bençãos e de pranto!