E lá, pelas madrugadas,
Quando as luzes se apagam
Mãos se procuram
Corpos se fundem
Lábios, que nem desejos
Murmuram trocas de beijos...
Quando tudo vira silêncio
E todos se aconchegam
Num estertor de ensejos
Num ante gozar de estupor
Nos burburinhos em flor
Formigam lascívias de amor...
Benditos silêncios da noite
Bravos escuros da imensidão
Proclamam momentos sentidos
Arvoram-se em doces cupidos
Num mar de muita emoção
Ternuras para o coração...
Nunca me botem nas entrelinhas
Fixem-me em trilhos de trem
Para poder me locomover
Direto sem me perder
Nas trilhas do anoitecer
No céu do teu bem querer...
Levantem âncora! Icem as velas!
Alinhem as bujarronas! ordens do Capitão
Gritam da embarcação, em plena escuridão
De proa à popa dispostos
A me levar de antemão
Às aventuras do meu coração...
Ordens assim deslizam em minha mente
Ficando à espera de ti, docemente
Para quando a noite se avizinhar
Olhos nos olhos no escuro
Mãos em contínuo afagar
Levam-me ao céu, a suspirar...
Bombordo, boreste, porão
Escuto as palavras gritantes
Homem ao mar! gritam marujos
Mas não há homem a se afogar
É apenas meu coração a boiar
Nas águas fundas do além mar...