Amanhecendo...

Espreguiço-me
Acordo dolente
Estou despertando
Mil idéias me acometendo
Loucas ilusões, ainda vivendo...
 
Transporto-me ao inconsciente
Mil venturas me entontecendo
Quero ainda viver a vida, ser vivente
Emoldurando esferas, mesmo demente
Com quimeras vividas, sempre presentes...
  
Mas estar comigo sozinha
É só castigo e não consigo
Modificar minha vida, não ter lume
Tateando, no escuro, antigas ambições
Fico terna intensa, matizando todas as ilusões...
 
Ah! Tempo malvado que não para nunca
Cordas de violão que solam saudades
Melancólicas notas de uma miragem
Tintas, rubras de sangue, tingindo realidades
Embaralhando sonhos em total felicidade...
 
Vou coroar-me, fazer-me a rainha
Dos teus sentidos, não quero ser só minha
Esparramando sonhos, minha tácita querência
Quero esmagar, em toda minha vivência
A vida toda, que quero, se avizinha...
 
Quero sorrisos loucos de paixão
Quero milhões de afagos na imensidão
Não quero mais em doses pequenininhas
Quero, da vida, tudo que me fascina
Desejar tudo na luz que me ilumina...
 
Não quero mais atalhos, quero estradas
Muito menos pétalas, quero ramalhetes
De margaridas, rosas, flores em profusão
Quero perfumes intensos, que me tirem a razão
Quero ternuras mil, que me embriaguem o coração...
 
Quero luas de indescritíveis claridades
Quero dias ensolarados, que me deixem saudades
Amores, muitos amores vestindo estas verdades
De castas lembranças, suaves felicidades
Quero tudo à mão cheia, plena de intensidades...
 
Não quero mais migalhas, quero porções
Quero tudo que desejei um dia
Nem quero faíscas de todas as ilusões
Quero todas brilhando intensas em minhas emoções
Turbilhões de anseios, afagando meus devaneios...

Myriam Peres

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