Amor Internético

Que patético!
Onde dantes eram pipocas no escurinho da matinê
Hoje são rebimbocas cibernéticas numa tela de TV!
Os beijos eram salgados, hoje são digitados
Que profético!

O que ocorria às escuras, ora ocorre nos reservados
Que falta de ética
Como diria o ditado: Novos tempos, novas práticas
Viva as gentes informáticas!

Estou roboticamente apaixonado!
Coitado!
Coitado uma ova! Queres um indício? Uma prova?
Espera sentado!

Enquanto davas à namorada uma flor amarela
Eu tenho a minha como descanso de tela...
É pouco, ou queres mais? Sossega, rapaz!
Lembras dos postais? E das fotos três por quatro?

Pois aqui as coisas fogem do comum, analisa por ti mesmo!
Enquanto buscas flores da estação, eu facilmente clico num botão
e me surgem tulipas e poemas de Alcorão

Aqui não se vive a esmo!
Voltemos ao teu retrato...
Enquanto amassavas a amada imagem na carteirinha do colégio
Aqui fazemos do "zoom" um delicioso privilégio

Ela é linda em trezentos por cento. E se quiser mais, eu aumento!
Como diria o poeta: - Por aqui são outros quinhentos!
Novas eras, novas almas, nova estética
Aposentados que somos das "sixties" décadas
Aqui encontramos todas as nossas heurecas!

                                                                                    Alberto Carmo

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