QUINTESSÊNCIA

Não se fala de desastre
Nas nuvens
Mas não me foi previsto
Hospedar-me
Em tua casa,
Orvalhar-me
Na umidade
De teus olhos,
Ocupar teus recônditos
Sem ser fantasma...

Ó de ventura seria
Aveludar-me
No rés do teu Chão.

Batizar meu corpo
Entre sermões e metáforas.
Tuas metáforas.

Ser-me toda segredo
Seqüestrado
Pelos porões da tua memória.

Êxtase maior na haveria
Se na gueixa
Da tua estima
A Quintessência fosse.

Negaram-me
A tua escolha.

Na hora oportuna,
Quisera
Habitar na alma
De um atraente Porto
A rougir tua Amada face.

E,
Na tua pegada,
Sempre tão leve
Meu único e eterno amor,
Fazer minha própria
Identidade.

Nada disso me foi dado.
Antes,
Tumores.
Anteriores a ti.

Condenada.
Condenada estou
Pelo excesso de vontade.

Como legado,
Esse Câncer
A nidificar-me
O ventre.

Quando souber
T’esquecer,
Certamente
Já serei LUZ.

                                        Maridilce Gonçalves

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