DO LADO DE LÁ

Ó viajante dos vales
Me diga o que existe,
Do lado de lá da serra ?
Será , da beleza ,os males
Que enfeitiça quem insiste
Na sedução da visão?
Ou será minha, a maldição
De tanto querer viajar
No alongamento do olhar
Ao meio, quebrada a intenção?
É certo que é plana a terra,
Do lado de lá da serra?
Que correm animais alados
Em multicoloridos prados,
Na plantação do cerrado?
As frutas têm o mel dos anjos
E o vento chama minuano?
Meus olhos não alcançam o vento,
Minha voz repete momentos
Eco pedinte em caverna
Do meu desejo que hiberna.

Ó viajante dos vales,
Me diga quais são os males,
Do lado de lá da serra....
Se é lisa e plana a terra,
Acaba na grande água?
Será afogo de mágoas,
Achando-me no que se perde?
É lá que se prendem as donzelas,
Achando-se mulheres belas,
Que em noites de trovão
Acendem ao medo, velas
E o fogo do coração
Descendo do céu sem véus?
Me diga como é o mar...
Longo como a pergunta,
Deste meu olhar que assunta?
O caos tem os olhos verdes...
O mar que atravessa o mundo,
Por ser do verde o mais verde,
Em  infinito de caos se perde,
Mas acha-se em verde cais,
Onde me perco em ais...

« Voltar